A janela azul era parte da casa...
Dela se podia ouvir as batidas das ferramentas na execução do serviço... mesmo quando a mesma estava fechada!
Dela se ouvia os gemidos dos negros que acorrentados ajudavam a um exausto e "quase incapaz"escultor!
Ele ousara acreditar que poderia esculpir... E esculpiu!
Várias vezes, da janela, mãos perfeitas e sem marcas da labuta ousaram acenar pra ela... Ousaram se deixar serem tocadas pelas mãos feridas de um poeta escultor!
- Quisera eu, humilde artesão poder esculpir sua bondade e beleza, minha donzela!
Mas, a vida , que já naquela época era dura, com os fracos e fortes... não permitia a proximidade dos dois...
-Esculpirei o amor! Em versos de sangue e feridas que como flores brotam em meus membros!
Esculpirei sua beleza e delicadeza em pedras brutas e minérios que encontrar!
Saberás que em cada ferramenta que ainda consigo empunhar, alí estará o registro de tudo que vivemos...sem nos tocar...
-E saiba, linda donzela,
que esta janela,
que ora sois nossa fronteira...
infelizmente fui eu quem idealizei
e sonhei
um dia poder contemplar
a beleza através dela...
minha donzela!
E a janela?
Resistiu ao tempo, ao contratempo...
Sol e chuva castigaram sua estrutura...
Mas a criatura...
Da escultura
Sobrevive nela
E ainda se ouve
A história
da jovem donzela
que através dela
virou fera...
Sem amor...
e usou-a como cela
para acorrentar seus sentimentos
num convento...
onde só o vento
ousou passar por aquela janela.
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