Novos tempos chegaram. Ninguém fora
antecipadamente informado sobre a pandemia que pararia o planeta. E
eu, como milhares de habitantes, fui forçada a parar. Parei de
trabalhar, parei de passear, parei de abraçar, parei de transitar
entre tantos outros, que também o fizeram. A primeira coisa que me
veio à cabeça foi aquela brincadeira ”STOP”. E me vi esperando
o novo comando que sequer saberia de onde viria! E eu, como milhares
de habitantes, me vi acompanhada de meu filho, em meu lar!
Inicialmente tive a sensação de
medo e insegurança e disse a mim mesma “Andréia, você é a
adulto aqui, mantenha a cabeça fria e faça o que o momento exige!”
Sentei-me com meu filho e percebi que a gente tinha muito pra
conversar. Arrumei os livros no armário e vi que muitos sequer havia
lido! Arrumei as gavetas e separei as roupas que nem deveriam estar
ali! Fui até a cozinha, liguei o celular na “playlist” e deixei
rolar. Fiquei surpresa em saber cantarolar as melodias tocadas.
Aquilo afetou meu paladar… foi como se estivesse saboreando aquela
refeição pela primeira vez! Sentei-me na sala e ao ligar a TV,
percebi que as séries não estavam terminadas… Coloquei tudo em
dia! Amei ter o momento do cinema! E eu, como milhares de habitantes
do planeta, me vi, com tempo de me curtir e curtir tudo!
Fui percebendo, aos pouquinhos, que a
“curtição” do cotidiano tinha uma ressignificação que
descortinava novos tempos! E eu, como milhares de habitantes, atendi
ao comando: “Respire, curta e não pire!”
Nas primeiras semanas de
“isolamento”, ‘distanciamento”. ‘recolhimento” (foram
tantos os termos usados) aquietei-me e pude sentir o meu pulsar, a
minha respiração, a respiração do meu filho, os sons dos gatinhos
que moram no andar de cima, o som do apartamento ao lado ( acredito
que o casal de idosos se sentiram mais seguros no espaço rural).
Passei a mão no celular e conversei com meus familiares no
“whatsApp”, atualizei-me do cotidiano de meus amigos no
“facebook”, revisitei meu blog, assisti “lives”, dancei com
meu filhote , cantei no “Smule. E eu, como milhares de habitantes
procurei acalentar meus anseios e angústias.
Novos
tempos chegaram exigindo de mim uma desconstrução de um passado
recente… E eu, como milhares de habitantes do planeta, preciso me
“conectar com o novo” ressignificando minhas práticas, meu
caminhar! E
finalizo com palavra de Thiago de Mello , “Não
tenho caminho novo/ o que tenho de novo é o jeito de caminhar./ Mas
com a dor dos deserdados/ e o sonho escuro da criança que dorme com
fome/ aprendi que o mundo não é só meu./ Mas sobretudo aprendi/
que na verdade o que importa/ antes que a vida apodreça/ é
trabalhar na mudança do que é preciso mudar/ cada um na sua vez/
cada qual no seu lugar”